2005-08-21

believe

"Quando as pessoas deixam de acreditar em Deus, como costumava dizer Chesterton, não é que já não acreditem em nada, acreditam é em tudo. Até nos meios de comunicação." Humberto Eco in "Código ataca todos os dias, DN, 2005-08-20

Confesso a minha apreensão quando o Cardeal Ratzinger foi eleito papa. Esperava, tal como muita outra gente, um Papa mais progressista que fizesse a ponte entre as coisas boas que o Papa João Paulo II deu à Igreja Católica e ao Mundo e as que o mesmo Papa, por questões de personalidade ou convicção, não conseguiu ou não quis resolver ou ajudar a resolver.

Posteriormente mudei de opinião. O Mundo e a Europa em particular atravessam um vazio de valores. Não existem referenciais, não existem verdades nem absolutas, nem relativas. O Homem voltou, mais do que nunca, a ser a medida de todas as coisas. Os indivíduos têm hoje em dia mais informação e são teoricamente mais livres do que nunca e, no entanto, não sabem o que fazer nem com uma nem com outra.

O proprio conceito de Deus alterou-se. Não tendo desaparecido, foi substituído por outros, menos perenes, mais adequados a um Mundo e a Sociedades que "usam e deitam fora". As relações pessoais com a Divindade foram substituídas pelos Deuses pessoais - que satisfazem, sem exigir, as necessidades de cada um.

Vive-se num mundo de indiferença. Onde não há amor, nem ódio - apenas indiferença. Só que a necessidade de acreditar em Algo ou algo é mais forte e o esforço para preencher esse vazio é dirigido para qualquer coisa que apresente uma semelhança (mínima que seja) com a Verdade. Passa-se então a acreditar em tudo, fingindo não acreditar em nada...

2005-08-19

start

Este é o começo.

A base deste blog inspira-se num verso da canção "Brothers in Arms" dos Dire Straits.

"We have just one world, but we live in different ones"

Isto tem-me levado a reflectir em que, de facto, cada um de nós constroi o seu próprio mundo, fruto de experiências, de conhecimentos, de esperanças e de sonhos. A cada momento o mesmo Mundo apresenta-se-nos de formas diferentes, interpretando-o cada um de nós de acordo com uma bitola diferente.

Simultaneamente, ao projectar nele os seus sonhos, esperanças e aspirações, cada um de nós abre a possibilidade de um futuro, diferente (em alguma medida) de todos os demais, onde novos mundos (ou simplesmente novas versões do mesmo Mundo) são geradas.

Inclusivé, a mesma pessoa, em momentos diferentes da sua vida, irá gerar mundos completamente diferentes.

Acresce, para além disso, que a nossa imaginação é limitada pr aquilo que conhecemos. Existem seguramente mundos para além dos limites da nossa imaginação. Estranhos. Não necessariamente belos ou aterradores, não necessariamente vivos ou mortos. Tal como os passados. ou os presentes. ou os futuros. Simplesmente estranhos.